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sexta-feira, dezembro 06, 2013

COMUNICAÇÃO E LITURGIA CRISTÃ

Sociologia/religião
A Ciência constata. O homem só é homem (pessoa no sentido sociológico) quando está em comunicação como outros homens, a partir dos chamados grupos primários. Arthur Ramos registraria em sua introdução à Psicologia Social: “O homem isolado é um mito. A sua personalidade só pode ser compreendida dentro do jogo complexo de influências ambientais – físicas, sociais, culturais”. Park é mais radical quando afirma que “o homem não nasce humano”. Isto é o homem precisa interagir-se com seus semelhantes para viver em sociedade, tanto civil como eclesiástica.
A comunicação da mensagem cristã não deve nem pode se restringir aos serviços litúrgicos realizados nos templos.
Podemos considerar a dimensão universal estabelecida por Jesus Cristo, através da expansão missionária: “Ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda Judéia e Samaria e até aos confins da terra”. (Atos 1:8). A comunicação da mensagem cristã como realidade que não se esgota em proclamações orais tão somente, para confundir-se com atos encarnados de vida; com a própria mensagem-ação.
Porém, parece-nos próprio uma referência especial à comunicação como deve ser exercida nos Templos onde tantos se congregam para o contacto criador com a Palavra de Deus. Queremos particularizar agora a comunicação através do diálogo pluri-dimensional, que é o culto cristão.
Todas as noções já consideradas sobre o lastro cultural – até um tipo de nacionalismo – e a necessidade de encarnar os conceitos abstratos, a urgência de contínua flexibilidade, etc. – como pontos necessários no processo de comunicação da mensagem cristã eterna e universal – devem nos orientar no trabalho de organizar as liturgias de nosso culto.
Quem recebe a missão de programar as liturgias precisa, porém, conscientizar-se de algumas grandes verdades ligadas indissoluvelmente à tarefa.
Primeiro, a compreensão de que liturgia não é um programa feito momentos antes do início do culto, sem unidade nem preocupação de receber e comunicar a mensagem.
A despeito da falta inexplicável de atenção para com a liturgia – que se pode traduzir em desordem litúrgica ou na enervante liturgia-rotina, precisamos lembrar que aqui se encontra um dos caminhos principais para fazer do culto o veículo poderoso de comunicação que ele de fato deve ser: preparação séria e cuidadosa.
A outra grande verdade ligada à tarefa litúrgica excede à preparação séria e cuidadosa, porque depende também de sensibilidade.
Não são todos que podem programar uma liturgia criativa porque nem todos possuem a necessária sensibilidade. É preciso sensibilidade para sentir o povo que participará do serviço litúrgico. Saber que, também neste setor, não podemos fazer transplantes postiços e artificiais nem imposições individualistas. A liturgia nasce do povo e só tem vida no serviço de culto e adoração desse povo. Ousaria dizer que os programas litúrgicos precisam ser diferentes em cada Comunidade específica, para que haja comunicação verdadeira de todos com Deus e também de todos entre si. Existem pontos comuns em todas as liturgias, mas há também singularidade que apenas com aguda penetração e sensibilidade poderemos formular para cada Comunidade específica.
Terceira verdade vinculada ao assunto que não podemos deixar de mencionar é que, acima da sensibilidade humana, a liturgia surge da comunhão contínua do povo cristão com Deus, e perde toda a dimensão de comunicação divina quando se resume tão somente num exercício intelectual ou avaliação psicológica do meio.
É Deus que dirige, através do Espírito, a elaboração litúrgica feita pelo seu povo. O melhor exemplo que poderíamos oferecer seria a menção das liturgias que a própria Bíblia registra.
Diremos, em resumo, que a liturgia, assim como aconteceu com a formação canônica da Bíblia, deve embasar-se no povo de Deus – no caso, em uma Comunicação específica do povo de Deus – e crescer como fruto da comunhão desse povo como o seu Senhor. Só assim terá toda a força comunicativa com relação a esse mesmo povo e a todos aqueles que participem de seus cultos-diálogos.
Jonas Neves Resende.


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